Carteira Pesquisa em Andamento
Sociologia e Políticas Culturais: uma Aproximação a partir do Estudo do Caso Sesc
Maria Carolina Vasconcelos Oliveira (São Paulo/SP)
Titulação: mestrado
Orientador: professor Álvaro Augusto Comin
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP)
Resumo: esta pesquisa deseja colaborar para a discussão acerca das questões do consumo de cultura e do acesso aos bens culturais. Pretende testar teorias sociológicas que inserem novos elementos na discussão sobre as determinantes do consumo cultural, elementos que podem trazer luz para as políticas públicas que tratam da democratização cultural. O espaço de investigação escolhido é o Serviço Social do Comércio (Sesc) em duas de suas unidades de São Paulo. Essa escolha é pautada principalmente pela identificação do Sesc como um equipamento multidisciplinar que possibilita a criação de redes de sociabilidade.
Os estudos sociológicos podem trazer colaborações inestimáveis para a discussão de políticas culturais que buscam a ampliação de públicos. Em alguns países, especialmente na França, já existe uma aproximação entre o campo da investigação sociológica sobre a formação de públicos e o campo de promoção da cultura. No Brasil, ao contrário, parece haver pouco diálogo entre essas duas esferas. Este trabalho pretende mostrar como uma análise sociológica dos fatores que influenciam na prática cultural pode contribuir para a esfera das políticas culturais, a partir do estudo do caso Sesc, e verificar, por fim, se esse equipamento consiste numa boa referência para as políticas que visam ampliar os públicos culturais.
O Papel das Redes Transnacionais de Conhecimento na Organização da Esfera Cultural: Reverberações das Idéias da Unesco na Formulação das Políticas Culturais
Pesquisadora: Mariella Pitombo Vieira (Salvador/BA)
Titulação: doutorado
Orientador: professor Edson Silva de Farias
Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Resumo: as redes internacionais de conhecimento vêm ocupando, nas últimas décadas, um espaço significativo na arquitetura institucional contemporânea. Compostas por uma diversidade de agentes sociopolíticos (ONGs, universidades, organismos internacionais de fomento, think tanks), essas instituições vêm se transformando em arenas de discussão por excelência, formuladoras de princípios e normas, que acabam regulando práticas e saberes e contribuindo para o delineamento de políticas no âmbito dos Estados nacionais. A pesquisa parte do pressuposto de que princípios e valores que norteiam a formulação de políticas para a cultura são compartilhados de forma consensual pelos mais diferentes atores sociopolíticos, contribuindo assim para a reprodução de determinadas idéias e conceitos, bem como para a modelação de práticas nas mais variadas esferas sociais.
O objetivo desta pesquisa é, então, buscar compreender de que modo tais conceitos são tecidos nesses fóruns internacionais e a maneira como reverberam na formulação das políticas culturais em âmbito nacional. Para viabilizar empiricamente a pesquisa, pretende-se realizar uma etnografia da Unesco e do Ministério da Cultura do Brasil com a finalidade coletar subsídios e confrontar informações que corroborem ou não as hipóteses levantadas pela proposta de estudo.
A Cultura do Interior Fluminense, Avanços e Tensões: Casimiro de Abreu e São Gonçalo – 1985 a 2005
Pesquisadora: Cleisemery Campos da Costa (São Gonçalo/RJ)
Titulação: mestrado
Orientadora: professora Mary Del Priore
Universidade Salgado de Oliveira (Universo) – Campus Niterói
Resumo: o objetivo desta pesquisa é refletir e avaliar a participação do poder público na elaboração de políticas de cultura no interior fluminense, em especial nas cidades de Casimiro de Abreu e São Gonçalo. Pretende-se inventariar as ações no campo da cultura desenvolvidas no período proposto (1985 a 2005), estabelecendo um quadro comparativo de avanços e retrocessos, no que diz respeito a legislação, políticas públicas e outras formas de institucionalização. Finalmente, propor novos encaminhamentos da pauta cultural, por meio da elaboração de instrumentos de sustentabilidade para os organismos de gestão municipal.
Mangue: a Lama, a Parabólica e a Rede
Pesquisadora: Rejane Calazans (Rio de Janeiro/RJ)
Titulação: doutorado
Orientadora: professora Silvana Gonçalves de Paula
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Resumo: este projeto tem como objeto de estudo a cena cultural recifense, desde a criação da Cena Mangue, no início da década de 1990, até os dias de hoje. Um de seus principais objetivos é investigar a formação de uma cena cultural independente, especialmente no âmbito musical. Para efeito desta pesquisa, o conceito de cena abarca uma série de dimensões e contempla desde a estética de um determinado grupo de artistas até sua relação com o poder público, com os fãs, com a imprensa, com os espaços públicos ou privados onde apresenta suas obras etc. Pretende-se, na pesquisa, abarcar as diversas dimensões dessa cena, sua inovação estética, as formas de produção e divulgação, as políticas culturais, a formação de um circuito alternativo. Em suma, analisar a construção de uma cena independente e refletir sobre seus avanços e recuos, com o intuito de contribuir para a discussão de novos modelos de produção independente, especialmente no tocante à música.
Políticas Culturais de Uma Nota Só: Doze Anos da Secretaria de Cultura e Turismo do Estado da Bahia
Pesquisadora: Taiane Fernandes da Silva (Salvador/BA)
Titulação: mestrado
Orientadora: professora Gisele Marchiori Nussbaumer
Universidade Federal da Bahia (UFBA)/Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade
Resumo: na segunda metade da década de 1990, o governo do estado inaugura oficialmente uma nova estratégia de gestão da cultura na Bahia. O então governador, Paulo Souto, une cultura e turismo numa única secretaria, ação inédita na história da administração pública do país. A Secretaria da Cultura e Turismo (SCT) inaugura um período de reconhecimento da cultura como fato econômico no estado, que perdura por 12 anos (1995 a 2006), em três gestões do mesmo partido político (Partido da Frente Liberal – PFL), sob o comando exclusivo de um único secretário, Paulo Gaudenzi. A diversidade cultural e os recursos naturais e turísticos da Bahia passam a ser reconhecidos como vocações do estado, a ser explorados como instrumentos prioritários para o crescimento do setor terciário da economia. A baianidade, enquanto singularidade identitária, é adotada e incentivada como um capital simbólico a ser difundido e consumido não apenas em nível local e nacional, mas, sobretudo, por um mercado turístico internacional. Assim, esta pesquisa se propõe a mapear, descrever e analisar as políticas culturais desenvolvidas durante os 12 anos de existência da SCT, identificando os principais impactos da sua atuação no cenário cultural baiano.
Carteira Pesquisa Concluída
Estado e Cinema no Brasil
Pesquisadora: Anita Simis (São Paulo/SP)
Titulação: doutorado (ano de defesa: 1993)
Orientador: professor Oliveiros S. Ferreira
Universidade de São Paulo (USP)
Resumo: esta pesquisa identifica as razões que impediram o florescimento de uma produção cinematográfica nacional estável e permanente antes de 1966. A tese é uma crítica a várias interpretações: desde a análise que aponta o maquiavelismo imperialista até a omissão do Estado em relação a essa manifestação cultural. Por meio da legislação promulgada no período compreendido entre 1932 e 1966, este projeto privilegia o aspecto político institucional, procurando demonstrar a existência de dois momentos distintos nas relações entre o Estado e o cinema no Brasil. Se no período autoritário o Estado, incorporando propostas que vinham se delineando desde os anos 1920, formulou um projeto para o cinema, no período seguinte, a disputa entre produtores, distribuidores e exibidores impediu que os agentes envolvidos com a defesa do cinema nacional se organizassem em torno de um projeto alternativo de desenvolvimento. Cinema e ação cultural educativa e formativa, cinema e propaganda oficial conjugados com a experiência cinematográfica desenvolvida desde o século passado formam a primeira parte da tese. Na segunda, a discussão entre as propostas para a constituição de um Conselho Nacional de Cinema e depois um Instituto Nacional de Cinema, intercalada com a crise das tentativas de industrialização no início da década de 1950, compõe um panorama da trama que culmina com a criação do Instituto.
Romance de Formação: a Funarte e a Política Cultural 1976-1990
Pesquisadora: Isaura Botelho (São Paulo/SP)
Titulação: doutorado (ano de defesa: 1996)
Orientador: professor Teixeira Coelho
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP)
Resumo: a tese apresenta uma análise da política cultural do governo federal dos anos 1970 aos 1990, tendo como foco a criação e consolidação da Fundação Nacional de Arte e as transformações de sua política e de sua gestão, advindas da criação do Ministério da Cultura em 1985, tendo como pano de fundo o processo de redemocratização do país. Isaura Botelho mostra como a trajetória da Funarte é exemplar de uma das questões mais presentes na discussão sobre políticas culturais no Brasil: a rivalidade entre os defensores das políticas de preservação do patrimônio e aqueles dispostos a bancar projetos inovadores de criação artística nos diversos setores de produção dependentes de subsídios públicos e privados.
Políticas Públicas para a Cultura na Cidade de São Paulo: a Secretaria Municipal de Cultura – Teoria e Prática
Pesquisadora: Luzia Aparecida Ferreira (São Paulo/SP)
Titulação: doutorado (ano de defesa: 2006)
Orientadora: professora Dilma de Melo Silva
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP)
Resumo: o trabalho de Luzia Ferreira pretende deter-se na análise da gestão cultural implementada pela Secretaria Municipal de Cultura da cidade de São Paulo (SMCSP), no período de 1989 a 1992. Tem, entre seus objetivos, o de analisar o Projeto Cidadania Cultural proposto pela então secretária Marilena Chauí e identificar as diretrizes de sua política pública para a cultura. Esse projeto pretendia criar mecanismos de auto-organização dos cidadãos paulistanos, para que fossem partícipes do fazer cultural. Constatou-se que, embora a cidade de São Paulo tenha sido transformada em um “laboratório de experiências culturais” do Partido dos Trabalhadores (PT), com a intenção de substituir o “clientelismo pluralista” pelo “participacionismo popular”, tal objetivo não foi alcançado. Luzia afirma que um projeto de política pública para a cultura passa necessariamente pela educação cultural das pessoas e deve ser pensado pelo conjunto social como um todo (população, servidores, partidos políticos), de forma que estes passem a ter o entendimento de que o acesso aos bens culturais possibilita um verdadeiro avanço social.
Participação, Política Cultural e Revitalização Urbana nos Subúrbios Cariocas: o Caso das Lonas Culturais
Pesquisadora: Márcia de Noronha Santos Ferran (Rio de Janeiro/RJ)
Titulação: mestrado (ano de defesa: 2000)
Orientadoras: professoras Paola Berenstein Jacques e Lílian Fessler Vaz
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)/Programa de Pós-Graduação em Urbanismo
Resumo: esta dissertação tem como objeto o Projeto Lonas Culturais, inserindo-o no contexto de democratização da cultura e de práticas participativas de decisões sobre o espaço periférico da cidade do Rio de Janeiro. Ele é fruto de uma parceria entre organizações não-governamentais (ONGs) locais e a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro que, desde 1993, por meio da construção de equipamentos culturais polivalentes com inspiração circense, vem inserindo bairros periféricos, carentes e estigmatizados, desconectados do eixo valorizado, no roteiro de cultura e lazer da cidade e revitalizando as praças onde se instalam, anteriormente subutilizadas. Tanto ou mais importante do que esses efeitos urbanísticos, o Projeto tem logrado instaurar um novo sentimento de “auto-estima” nos moradores dos subúrbios envolvidos, valorizando um “pertencimento” ao local, resgatando identidades e culturas suburbanas. Ao congregar efeitos espaciais e sociais, as Lonas Culturais se colocam como deflagradoras de processos não planejados de revitalização urbana. Este trabalho destaca a relação entre políticas urbanas e políticas culturais, por meio de métodos de análise dos campos urbanístico-espacial e sociocultural que evidenciam o modo como a participação popular se rebate tanto na programação cultural quanto no projeto arquitetônico e urbanístico no caso específico das Lonas Culturais.
O Cinema da Retomada: Estado e Cinema no Brasil da Dissolução da Embrafilme à Criação da Ancine
Pesquisadora: Melina Izar Marson (Sorocaba/SP)
Titulação: mestrado (ano de defesa: 2006)
Orientador: professor José Mário Ortiz Ramos
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/Unicamp)/Departamento de Sociologia
Resumo: esta dissertação apresenta uma análise das relações entre cinema e Estado no Brasil nos anos 1990 a 2002, período que corresponde à elaboração e à institucionalização de uma nova política cinematográfica. A produção cinematográfica no Brasil enfrentou uma grave crise no início dos anos 1990, após a extinção dos órgãos estatais financiadores e fiscalizadores (Embrafilme e Concine). Devido à implantação de medidas de renúncia fiscal, que se traduziram num significativo aumento da produção de filmes, o cinema brasileiro “retomou o fôlego” e passou a ser conhecido como o cinema da retomada. Por meio das movimentações internas do campo cinematográfico e de seu constante diálogo com o Estado, essas medidas foram aperfeiçoadas e incorporadas a um novo órgão estatal, a Agência Nacional de Cinema (Ancine), criada em 2001 e efetivada em 2002. Por meio de análises dos discursos elaborados por representantes do campo cinematográfico e da documentação oficial, este trabalho aborda o cinema da retomada como resultado da nova concepção de política cinematográfica e de novas configurações e jogos de poder dentro do campo cinematográfico, percebidas em uma nova forma de fazer cinema no Brasil.
Comissão julgadora
Professora doutora Cristina Amélia Pereira de Carvalho (Universidade Federal de Pernambuco)
Professor doutor Enrique Saravia (Fundação Getulio Vargas/RJ)
Professor doutor Teixeira Coelho (Universidade de São Paulo)