O psicólogo social uruguaio Néstor Ganduglia abriu a mesa Interlocuções entre saberes: academias e griôs, na manhã do dia 12, na Reitoria da UFBA. Parte da programação da nona edição do ENECULT, o debate foi coordenado pelo professor do IHAC/UFBA, Carlos Bonfim, integrado ainda pela socióloga Lia Barbosa e o professor da Unb José Jorge Carvalho.
Néstor discorreu sobre as tradições orais e a marginalização desse saber pela cultura ocidental. O pesquisador retomou diferentes histórias e filosofias de povos das comunidades rurais uruguaias, avaliando os contrastes entre esses hábitos e os postulados hegemônicos da cultura ocidental.
Já a socióloga Lia Barbosa questionou a racionalidade imperativa da cultura ocidental que marginaliza e inferioriza o saber de outros povos e culturas. Ela enfatizou a necessidade de aprender a ouvir e dialogar com esses outros saberes e identidades culturais. A pesquisadora apresentou alguns exemplos de produção cultural e de posicionamento político do povo maia, comunidades indígenas e do movimento zapatista.
Para finalizar o debate, o antropólogo José Jorge de Carvalho apontou que o universo acadêmico atual não abarca a multiculturalidade, e indicou a necessidade de reformulação acadêmica da universidade na América Latina. Para o professor da Unb, houve um apartamento dos saberes tradicionais das universidades, com a perda de conhecimento por essas instituições, influenciadas pela grade eurocêntrica, pelo modelo Humboldtiano e napoleônico . A universidade repete as práticas de exclusão perpetuados através dos séculos por esses modelos, afastando de seu cotidiano os mestres populares. José Jorge ressaltou ainda que o modelo cartesiano impactou o desenvolvimento das artes e humanidades nas universidades, bem como a incorporação de outros saberes, medidos pela lógica algorítmica de resultado.
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