Simpósio promove debate sobre os desafios da institucionalidade da Cultura

Simpósio promove debate sobre os desafios da institucionalidade da Cultura

Foto: Marco Queiroz
Texto: Bruna Cook

Hoje (14) iniciou o simpósio intitulado “Políticas culturais: Dilemas da institucionalidade cultural”, coordenado pelo professor Albino Rubim no auditório do PAF III. A reunião, que teve Eloise Dellagnelo (UFSC) e Isaura Botelho (CEBRAP) como principais expositoras, contou ainda com a presença de debatedores das mais diversas áreas do conhecimento.

Proposto devido à carência de pesquisas sobre o assunto, pelo contexto brasileiro atual e pela própria tradição de instabilidade no campo da cultura, o encontro foi aberto com a fala de Eloise Dellagnelo a respeito dos seus estudos organizacionais e da sua particular experiência com a construção dos Planos Estaduais e Municipais com o Ministério da Cultura (MinC). A convidada frisou a importância de uma maior interação entre o Estado e os profissionais que atuam na área – ainda que a heterogeneidade que lhe é particular dificulte um pouco o desenho de políticas públicas para o setor – e como o Sistema Nacional de Cultura (SNC), sob esse aspecto, se firma não só como um sinal de estruturação dessas relações, mas como sinônimo de estabilidade.

Isaura Botelho, que acompanhou a formulação do SNC desde o princípio, em sua explanação afirmou que o governo federal tem sido vanguarda no que tange a descentralização do poder, mas que alguns problemas dentro do campo resistem e são inegáveis, dos quais destaca: a) a instabilidade causada pela descontinuidade; b) a marginalização da cultura na agenda política; c) o contexto institucional; d) a escassez de recursos; e) a desarticulação entre as três esferas de poder; f) o histórico de clientelismo; g) a centralização das decisões; h) a questão da “política de eventos”; i) a ausência de planejamento; j) o pouco domínio da realidade que se lida; e, por fim, k) a baixa capacitação/qualificação dos agentes e gestores culturais.

Uma vez encerradas as falas, o microfone ficou inicialmente aberto para os debatedores. Maria Marighella (Secult/BA) compartilhou sua experiência sobre a ausência de mobilização da classe artística e de como se sentiu sozinha enquanto gestora: “enquanto está tudo bem, todo mundo te apoia… via Facebook”; Ângela Andrade (UFBA) criticou a nossa inércia perante a situação política depois de tantos avanços angariados democraticamente através das Conferências de Cultura e outros mecanismos similares, que tinham por objetivo uma construção conjunta de diretrizes entre o poder público e a sociedade civil;  Fernando Guerreiro (FGM) apontou para a ausência de representação do setor cultural em instâncias de poder, a exemplo da Câmara de Vereadores; Sandro Magalhães (Secult/BA) trouxe à tona dados de participação social nos municípios e os afirmou como locais de resistência frente à desesperança federal e, por vezes, estadual; Chicco Assis (PMS) atentou para a ausência de estudos, pesquisas e indicadores dentro dos espaços culturais que facilitem a elaboração de planos de estímulo às artes; dentre outros.

O simpósio continua amanhã (15), a partir das 8h30, e os responsáveis pela nova rodada de discussões sobre o tema são Lia Calabre (FCRB), Paulo Miguez (UFBA) e Rosimeri Carvalho da Silva (UFRGS).

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