Furtado centenário, Furtado eterno!

Por Cláudia Leitão*

No dia 26 de julho Celso Furtado fez 100 anos. Falo no presente porque há pensadores que não morrem. Suas reflexões, pelo contrário, ganham ainda mais profundidade e oportunidade e atualidade.  Além de seu vasto legado intelectual, Furtado foi um brilhante administrador público (com passagens memoráveis nos ministérios do Planejamento e da Cultura), um planejador com sólidas convicções regionais (criador da SUDENE, do BNDES/BNB), além de um articulador e gestor nas Relações Internacionais (vide sua passagem pela CEPAL e UNESCO). A obra de Furtado expressa o diálogo profícuo das ciências econômicas com as ciências sociais básicas, a filosofia, as tecnologias, as artes e a cultura, num esforço maior de compreender as consequências dos modelos econômicos para os países de economia dependente.

O Seminário virtual “100 anos de Celso Furtado: que desenvolvimento queremos para o Brasil?”, que acontecerá nos dias 12 e 13 de agosto, fruto da parceria entre o Iplanfor/ Observatório de Fortaleza e a Assembleia Legislativa / Universidade do Parlamento, tratará sobre  capitalismo, globalização, desenvolvimento, planejamento, políticas públicas, ciência  & tecnologia, cultura, reunindo  gestores,  professores, especialistas e demais lideranças brasileiras para pensar o Brasil. Os desafios não são pequenos e, por isso, necessitamos de contribuições diversas, que garantam a sustentabilidade do nosso projeto de desenvolvimento.

“O esvaziamento da atividade política engendra o niilismo ou a revolta, e não a libertação do homem. A atividade política é condição necessária para que se manifeste a criatividade no plano institucional e para que se inovem as formas sociais”. Em tempos de incertezas, de autoritarismos, de ameaças à ciência e à cultura, é preciso, mais do que nunca, retomar os significados profundos da política, especialmente, a partir das advertências de Furtado. Enfim, o Seminário é uma homenagem à inteligência, ao espírito público e ao ethos cidadão do nosso ilustre paraibano, mas é, sobretudo, uma provocação para todos nós que acreditamos e trabalhamos para e pelo Brasil.

*Claudia Leitão é Diretora do Observatório de Fortaleza – Políticas Públicas e Governança Municipal

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